A grande maioria das pessoas (esperamos!) já experimentou a sensação de estar apaixonado. Coração acelerado, vontade incontrolável de estar com o outro, ações irracionais são alguns dos sinais mais comuns que apresentamos quando a paixão se instala. Mas será que você sabia que todas essas alterações são conseqüência da presença de hormônios no nosso sistema nervoso central?
Apaixonar-se consiste no comportamento mais irracional que o cérebro pode vivenciar tanto para o homem quanto para a mulher. Sabe aquele ato inconseqüente que só uma pessoa apaixonada costuma fazer (como dar todas as economias da vida para o outro, e depois morrer de arrependimento?), é um estado involuntário. Do ponto de vista hormonal, a paixão realmente “cega” o indivíduo. Este estado compartilha os mesmos circuitos cerebrais da obsessão, mania, intoxicação, sede e fome. Estes circuitos são primariamente sistemas de motivação, diferentes daqueles relacionados ao sexo, porém há uma interposição entre eles. Ocorre uma intensa atividade cerebral regida pelos hormônios: dopamina, estrógeno, oxitocina e testosterona.
As áreas do cérebro que se encontram ativas em uma pessoa apaixonada são as mesmas ativadas pelas drogas ilícitas. A amígdala (área do cérebro responsável pelo sistema de alerta/medo) e córtex cingulado anterior (região responsável pelo pensamento crítico) encontram-se “desligados” quando os circuitos da paixão estão operando a todo vapor. Os clássicos sintomas da paixão são extremamente similares aos efeitos iniciais de drogas como anfetaminas, cocaína, morfina, ecstasy. Estes narcóticos ativam os circuitos de recompensa, causando liberação de substancias químicas similares às do estado de paixão. Casais apaixonados, especialmente nos primeiros seis meses, necessitam da sensação de proximidade física tanto quanto um dependente químico precisa da próxima dose.
Durante períodos de separação, o cérebro sofre literalmente uma síndrome de abstinência, necessitando urgentemente do outro. Muitos homens decidem pedir a mão da amada em casamento após uma viagem ou um breve rompimento, isso não é coincidência é conseqüência da retirada brusca da dopamina e oxitocina (dois hormônios responsáveis pela ligação amorosa). Apenas atividades como, trocas de carinho, beijos, abraços, orgasmo podem restabelecer os níveis desses hormônios. Uma vez que ocorre novo influxo de dopamina e oxitocina, a ansiedade e o ceticismo são suprimidos e os circuitos da paixão são reforçados.
O contato físico intenso (como abraçar por mais de vinte segundos) libera principalmente oxitocina, que causa uma sensação de confiança no parceiro. Portanto, caso não queira confiar - em demasiado – em alguém evite muita proximidade física. Lembre-se podemos ficar indefesos em meio a tanto hormônio.
Estudos realizados com pessoas apaixonadas demonstram que este estado dura entre seis a oito meses. Para o nosso próprio bem, pois só dessa forma pode surgir o amor, mas isso é assunto para o próximo capítulo.