Ponha a mãe no meio!

UMA VEZ CONFIRMADA A GRAVIDEZ, durante nove meses, todas as preocupações dos pais e da família se voltam para futuro bebê, se vai ser menino, menina, qual será o nome, quem vai batizar, se está “chutando”, essas coisas. Muitos se esquecem de que, para o desenvolvimento saudável da criança, uma gestação tranquila requer, além do exame pré-natal, para o acompanhamento do seu bem-estar, é fundamental verificar a saúde da futura mãe durante esse período. Só assim, será possível rastrear e prevenir eventuais problemas gestacionais.A estreia anunciada do bebê nos palcos deste mundo não pode desviar os holofotes da mulher, ainda a principal protagonista desse processo, se considerarmos que a saúde dele está diretamente relacionada à dela. A gestação, o parto e bom desenvolvimento do feto dependem das condições maternas. Adriana Pessôa, endocrinologista, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da American Diabetes Association, fala de estudos científicos comprovando que alterações ocorridas ainda no útero podem predizer doenças futuras, como diabetes e cardiopatias. “É fundamental procurar um obstetra assim que for confirmada a gestação. O acompanhamento médico é necessário para identificar possíveis fatores de risco, além de orientar sobre algumas medidas e realizar exames de rotina, prescrição de vitaminas”, recomenda a médica. Segundo ela, outras atitudes importantes nesse processo são interromper o tabagismo e o uso de bebidas alcoólicas e de drogas ilícitas, além de outros comportamentos de risco.

Grávidas que apresentam um quadro de doenças preexistentes como diabetes, pressão alta, índices elevados de triglicerídeos, colesterol, devem controlar essas enfermidades, pois elas podem comprometer o bom desenvolvimento do bebê. “Mulheres que engravidam na vigência de hiperglicemia (diabetes mellitus descompensado) estão mais propensas a sofrer aborto espontâneo, más-formações fetais e mortalidade perinatal”, observa Adriana. Pressão alta, conforme a endocrinologista, pode acarretar restrição de crescimento intrauterino (o bebê não recebe os nutrientes necessários), parto prematuro e maior mortalidade perinatal. “As consequências para a mãe também são importantes como pré-eclâmpsia, descolamento de placenta, acidente vascular cerebral e edema pulmonar”, alerta a médica. Mulheres portadoras de cardiopatia podem ter sua condição agravada, pois durante a gestação há um aumento do fluxo sanguíneo que pode descompensar a doença. Quanto ao aumento de colesterol e triglicerídeos não há evidência científica de que possa fazer mal para mulheres gestantes e para o bebê, segundo ela. Em termos gerais, o consumo de calorias provenientes de alimentos nutritivos deve ter um aumento de 340 Kcal/dia, a partir do segundo trimestre, e 450 Kcal/dia, a partir do terceiro. “A ingestão de calorias deve ser dividida em carboidratos (175 g/dia, de preferência em carboidratos integrais ricos em vitaminas e minerais e fibras); proteínas (1,1 g/Kg/dia, um pouco maior que 0,8 kg/dia da recomendação para não grávidas) e gorduras saudáveis”, explica a médica. Não há um consenso sobre a quantidade deste último item. No entanto, estudos mostram que o consumo de gordura trans (um tipo de gordura industrializada) é nociva para a mãe e bebê, portanto deve ser evitada ao máximo. Adriana enfatiza que as gestantes devem se abster do consumo de frituras, doces e alimentos industrializados; além de pobres em nutrientes, possuem excesso de calorias sem benefícios para o feto. A cada trimestre, ela deve focar em alimentos e vitaminas específicos. É importante individualizar cada gestante e suas carências (ver quadro). Mulheres veganas e vegetarianas devem redobrar a atenção em relação à alimentação. “A dieta vegan podeser eficiente em ferro, aminoácidos essenciais, zinco, vitamina B12, vitamina D e cálcio, ômega 3. Assim, esses nutrientes, vitaminas e minerais, devem ser repostos com suplementos. É importante também suprir as calorias necessárias para o bom desenvolvimento do feto”, ressalta a endocrinologista. Independentemente da qualidade do alimento, engordar em excesso pode trazer complicações para mãe e bebê, dificultando a perda de peso pós-parto. No entanto, uma alimentação rica em alimentos saudáveis ameniza o excesso de fome, prevenindo o ganho de peso exagerado.

Dieta

Um dos principais temores das gestantes é o ganho de peso. Muitas delas, por conta própria, apelam para dietas sem nenhum acompanhamento médico. Na verdade, o que deve ser feito durante essa fase é uma alimentação equilibrada. “Fazer dieta restritiva nunca é recomendado durante a gestação. O ideal é se alimentar de forma saudável e balanceada, optar por alimentos naturais, respeitando os horários das refeições e evitar doces e produtos industrializados”, ensina Adriana.

Jejum

A endocrinologista relata que a suplementação é importante em todas as fases da gestação. Exemplifica que vitaminas com ferro podem prevenir e tratar anemia; o ácido fólico, que deve ser adicionado pelo menos três meses antes da mulher engravidar, pode prevenir problemas neurológicos no feto. Nos casos de maior risco de trombose, o tratamento deve ser feito com medicamentos específicos, e o acompanhamento médico é essencial. Sintoma bastante comum é o acometimento por náuseas. O quadro é frequente no primeiro trimestre. Entre as medidas que podem aliviar esse mal-estar, estão evitar longos períodos em jejum, optar por refeições mais leves e mais frequentes, não comer em excesso, identificar e prevenir o que desencadeia a náusea, optar por alimentos saudáveis, cortar frituras e alimentos industrializados. É necessário ingerir alimentos ricos em fibras, sentir o cheiro do limão, ingerir chá de hortelã e evitar roupas apertadas. Devido ao aumento da progesterona, é comum a maioria das gestantes apresentar quadros de constipação intestinal. “Ingerir alimentos ricos em fibras (pelo menos 30 g/dia) e líquido (8 copos de água/dia). Atividade física moderada também pode auxiliar; uma caminhada de 30 minutos é o ideal”, orienta Adriana. Alguns estudos apontam que no último trimestre da gestação, o cérebro diminui de 2% a 3%. Esse quadro pode ser amenizado com a ingestão de ômega 3, em geral mais encontrada nos pescados. Porém, a especialista adverte que devem ser evitados peixes ricos em mercúrio, como atum, espada, robalo. Segundo ela, uma excelente opção é a sardinha e truta.

“O IDEAL É SE ALIMENTAR DE FORMA SAUDÁVEL E BALANCEADA, OPTAR POR ALIMENTOS NATURAIS, RESPEITANDO OS HORÁRIOS DAS REFEIÇÕES E EVITAR DOCES E PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS” (ADRIANA)

 

Acesse o link do Portal da Revista Kalunga: http://www.revistakalunga.com.br/geral/ponha-mae-meio/#more-1632


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