Em junho de 2013 a Associação Médica Americana passou a considerar a obesidade uma doença. Um grande passo para as milhares de pessoas que sofrem com excesso de peso. Porém, diferentemente de outras enfermidades, o sobrepeso e a obesidade são vistos pela população através da (grossa) lente do preconceito.
Incontáveis vezes o indivíduo portador desta doença sente-se acuado, sem ter a quem recorrer. Os quilos extras aos olhos alheios (inclusive da comunidade médica) são frutos de “falta de força de vontade”, “falha de caráter”, ”deficiência de determinação”. As tentativas de mudar o quadro são, na grande maioria das vezes, frustradas, perpetuando a ideia de fracasso.
A sociedade encara esta doença como uma questão comportamental. A crença de que basta “comer direito e praticar atividade física” para tratar estes pacientes não é totalmente verdadeira.
Por que uma pessoa com pneumonia merece receber respeito e tratamento adequado e o obeso não? No Brasil o sobrepeso ultrapassou 50% da população, a obesidade cresceu 54% nos últimos 6 anos; hoje 17% dos brasileiros tem um IMC (índice de massa corporal) acima de 30 kg/m2. São todos culpados? Escolheram sofrer com as consequências oriundas desta doença cruel, como diabetes, problemas ortopédicos, cardiopatia isquêmica, acidente vascular cerebral? A pergunta pertinente seria: não são eles vítimas?
Apenas nos últimos anos a ciência elucidou parcialmente os mecanismos bioquímicos que causam a obesidade. A verdade é que somos todos vítimas de uma ambiente externo obesogênico, o qual vai muito além do comportamento da população (As causas da obesidade)
O primeiro passo para contermos a pandemia da obesidade seria eliminar o preconceito e aceitar a condição de doença. Doença esta que precisa de tratamento específico e apoio multidisciplinar. Educação (tanto para população leiga quanto para os profissionais) sobre o problema é fundamental; no entanto está é a questão mais deficiente.
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